segunda-feira, 21 de maio de 2012

O silêncio é valioso...


Saber calar constitui uma verdadeira arte: quando, onde e como se deve calar. Essa arte não a ensina nem a ciência, nem a reflexão, mas a própria vida.

A gente mais se arrependerá de falar do que de calar; embora às vezes seja uma verdadeira obrigação ter que falar, quando então calar-se poderá ser vergonhoso.

Cale-se quando deve calar; jamais fale quando não for prudente que fale; espere pelo momento oportuno, para que então sua palavra seja benéfica; enquanto isso, mantenha seu silêncio.

Cale-se quando estiver nervoso, apaixonado, não senhor de si mesmo, muito irritado ou indignado; não é o momento, não é a circunstância propícia para que você fale. Nesses casos o silêncio é a única atitude que você pode tomar. Se você falar, se arrependerá, mais cedo ou mais tarde. Para que fazer algo do que logo deverá se arrepender?

Cale-se, porém que seu silêncio não seja hostil, mas amável; que se cale sua boca, porém que seu rosto fale com o sorriso da bondade e da compreensão.

Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu… tempo de calar, e tempo para falar" (Ecle 3,1-7). Não é prudente e a nada leva, inverter a ordem dos tempos.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Alegria...


alegria que transparece em nosso rosto contribui para que o nosso ambiente se torne mais feliz. 

"Não deveríamos sempre esperar pelos outros e responsabilizá-los por nossas alegrias e tristezas. Nós podemos ir ao encontro e levar alegria a outras pessoas. Isto fortalece sem dúvida nossa própria alegria."   de Anselm Grün, do livro Despertar a Alegria de Viver 

sábado, 12 de maio de 2012

Ser mãe


Antes de ser mãe eu fazia
e comia os alimentos ainda quentes

Eu não tinha roupas manchadas.
Eu tinha calmas conversas ao telefone.
Antes de ser mãe eu dormia
o quanto eu queria
e nunca me preocupava
com a hora de ir para a cama.
Eu não me esquecia de
escovar os cabelos e os dentes.
Antes de ser mãe eu limpava
minha casa todo dia.
Eu não tropeçava em brinquedos
nem pensava em canções de ninar.
Antes de ser mãe eu não me preocupava
se minhas plantas eram venenosas ou não.
Imunizações e vacinas eram
coisas em que eu não pensava.
Antes de ser mãe ninguém vomitou nem fez xixi em mim,
nem me beliscou sem nenhum cuidado,
com dedinhos de unhas finas.
Antes de ser mãe eu tinha
controle sobre a minha mente,
meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos.
... eu dormia a noite toda ...
Antes de ser mãe eu nunca tive
que segurar uma criança chorando
para que médicos pudessem
fazer testes ou aplicar injeções.
Eu nunca chorei olhando
pequeninos olhos que choravam.

Eu nunca fiquei gloriosamente feliz
com uma simples risadinha.
Eu nunca fiquei sentada horas
e horas olhando um bebê dormindo.
Antes de ser mãe eu nunca
segurei uma criança só por
não querer afastar meu corpo do dela.
Eu nunca senti meu coração se despedaçar
quando não pude estancar uma dor.
Eu nunca imaginei que uma
coisinha tão pequenina pudesse
mudar tanto a minha vida.
Eu nunca imaginei que pudesse
amar alguém tanto assim.
Eu não sabia que eu adoraria ser mãe.
Antes de ser mãe eu não conhecia a sensação
de ter meu coração fora do meu próprio corpo.
Eu não conhecia a felicidade de
alimentar um bebê faminto.
Eu não conhecia esse laço que
existe entre a mãe e a sua criança.
Eu não imaginava que algo tão pequenino pudesse
fazer-me sentir tão importante.
Antes de ser mãe eu nunca me
levantei à noite a cada 10 minutos
para me certificar de que tudo estava bem.
Nunca pude imaginar o calor,
a alegria, o amor, a dor
e a satisfação de ser uma mãe.
Eu não sabia que era capaz
de ter sentimentos tão fortes.
Por tudo e, apesar de tudo, obrigada, Deus ,
por eu ser agora um alguém tão
frágil e tão forte ao mesmo tempo.

Feliz Dia das Mães

 
 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Canção das mulheres


Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher. 

Lya Luft

Lya Fett Luft (1938) é uma romancista, poetisa e tradutora brasileira. É também professora universitária e colunista da revista semanal Veja. [Biografia de Lya Luft]